quarta-feira, 16 de abril de 2008

O CARA!



Sai de cena o melhor. O melhor da grande área.
Romário não é, e nunca foi normal. Romário é único. Romário é gênio.
O baixinho marrento, de andar malandro, sempre com a língua afiada, era incomparável na arte de fazer gols.
Ele, foi o maior responsável pela alegria de um país inteiro, alegria esta, já esquecida faziam vinte e quatro anos.
A cada gol que ele fazia na Copa do Mundo de 1994, ficava a certeza que tínhamos um salvador. Que era a nossa hora, e que ninguém podia fazer nada para atrapalhar. E o que mais me impressionava, naqueles meus 12 anos de idade, era a vontade que Romário tinha de fazer o povo feliz. Era nítido o seu patriotismo, a sua vontade de fazer alguma coisa pra essa gente brasileira, na qual ele foi criado junto. Pois, quando se fala em Romário hoje, se esqueçe da infância que ele teve, infância essa não diferente de muitos brasileiros, e não diferente no que se refere a luta, dificuldade, fome, falta de oportunidades, etc - não necessáriamente nessa ordem.
Romário é o Brasil, - cuspido e escarrado - é a ginga que desconserta, o sorriso que brinca com um certo desdém, um talento nato.
Um talento, que desfilou nos gramados brasileiros e mundiais, encantando, brincando, dando gosto de ver.
Ele foi pro mundo, mas não conseguiu deixar de ser o que realmente era. Ficou tremendo de frio e de vontade de jogar um fut-volei na praia, vendo bumbuns passando, desnudos e com o rebolado da garota que todos nós conhecemos. Era de se entender... E com isso, seja no Flamengo, no Vasco, ou no Fluminense, a gente pôde ver de perto, (o que já não acontece há muito tempo), um craque legitimo jogando no Maracanã, no Morumbi, num Olímpico e tantos outros estádios do Brasil. Pois se conta nos dedos as vezes em que um Ronaldo jogou no maracanã, ou um Ronaldinho Gaúcho no Morumbi e um Robinho no Olímpico.
Mas o que importa, pra mim, é que quando ele voltou, em 1995, para o meu Flamengo, eu estava vendo a história, o mito. Podia eu enfim, dizer que vi um craque jogar. Podia eu enfim, ir ao maracanã certo de que o espetáculo iria acontecer. Era sensacional ver o baixinho com a bola dominada, indo em direção ao gol, pois você já sabia que a meta ia ser atingida. Dava pena dos gleiros. Não era possível! Como um baixinho daqueles de 1,69m podia creser tanto, e tão depressa? Era realmente incrível.
Pois bem, fica na memória (e nos youtubes da vida), um gênio da bola, um personagem marcante, uma carreira meteórica e indiscutivelmente bem-sucedida, e um cara marrento e polêmico sim, mas um cara bom, de boa índole, que sempre soube agradecer nas horas certas, chorar nas horas em que era preciso, e que nunca esqueceu das suas origens.
Obrigado Romário. Você é o cara!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Tadinhos de nós mesmos.

Certeza não temos de nada, mas sempre estamos dizendo alguma coisa.
Estamos sempre querendo fazer alguma coisa que não seja, a que já estamos fazendo.
Estamos sempre querendo comprar alguma coisa, que ainda não temos.
Estamos sempre querendo.
Tudo o que acontece nos parece ser banal, e que teríamos feito melhor.
Tudo o que os outros fazem deve ser criticado. Criticamos, por que achamos que deve ser fácil ser o outro. Mas sempre reclamamos da vida dura que levamos.
Essa verdade que temos dentro de nós, é tão mentirosa quanto aquilo que você marca, sabendo que não vai acontecer.
Essa vaidade que temos dentro de nós, é ridícula perto do que já conquistamos até aqui.
Nós sempre achamos que estamos certos. Claro! Somos seres-humanos, diferentes de todos os outros. Mas esquecemos que as diferenças agregam.
Somos tão inocentes quanto o silencio de um pensamento maldoso.
Somos todos malucos. Reféns de nossas idéias intactas e perfeitamente elaboradas.
Um monte de maquinetas com cabeças, troncos, membros, pirús e bucetas.
Todos preocupados com o bem estar individual.
Indivíduos individualizados, cheios de um monte de merda, e cheios de coisas boas.
Rimos dos outros. E de nós mesmos.
E quando precisamos realmente de alguém, esquecemos quem somos e nos tornamos fracos.

O HAVER (Vinicius de Moraes).


Essa letra pra mim, é um primor... E pra quem realmente gosta desse cara sensacional como eu, aconselho baixar. A voz do Vinicius é confortante, o seu jeito é traduzido pela fala. E é preciso abrir a cabeça antes de ouvir esse maravilhoso texto.


O HAVER.

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio.
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo.
Perdoai: eles não têm culpa de ter nascido.
Resta esse antigo respeito pela noite
esse falar baixo
essa mão que tateia antes de ter
esse medo de ferir tocando
essa forte mão de homem
cheia de mansidão para com tudo que existe.
Resta essa imobilidade
essa economia de gestos
essa inércia cada vez maior diante do infinito
essa gagueira infantil de quem quer balbuciar o inexprimível
essa irredutível recusa à poesia não vivida.
Resta essa comunhão com os sons
esse sentimento da matéria em repouso
essa angústia da simultaneidade do tempo
essa lenta decomposição poética
em busca de uma só vida
de uma só morte
um só Vinícius.
Resta esse coração queimando
como um círio numa catedral em ruínas
essa tristeza diante do cotidiano
ou essa súbita alegria ao ouvir na madrugada
passos que se perdem sem memória.
Resta essa vontade de chorar diante da beleza
essa cólera cega em face da injustiça e do mal-entendido
essa imensa piedade de si mesmo
essa imensa piedade de sua inútil poesia
e de sua força inútil.
Resta esse sentimento da infância subitamente desentranhado
de pequenos absurdos
essa tola capacidade de rir à toa
esse ridículo desejo de ser útil
e essa coragem de comprometer-se sem necessidade.
Resta essa distração, essa disponibilidade,
essa vagueza de quem sabe que tudo já foi,
como será no vir-a-ser.
E ao mesmo tempo esse desejo de servir
essa contemporaneidade com o amanhã
dos que não tem ontem nem hoje.
Resta essa faculdade incoercível de sonhar,
de transfigurar a realidade
dentro dessa incapacidade de aceitá-la tal como é
e essa visão ampla dos acontecimentos
e essa impressionante e desnecessária presciência
e essa memória anterior de mundos inexistentes
e esse heroísmo estático
e essa pequenina luz indecifrável
a que às vezes os poetas tomam por esperança.
Resta essa obstinação em não fugir do labirinto
na busca desesperada de alguma porta
quem sabe inexistente
e essa coragem indizível diante do grande medo
e ao mesmo tempo esse terrível medo de renascer
dentro da treva.
Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
de refletir-se em olhares sem curiosidade, sem história.
Resta essa pobreza intrínseca, esse orgulho,
essa vaidade de não querer ser príncipe senão do seu reino.
Resta essa fidelidade à mulher e ao seu tormento
esse abandono sem remissão à sua voragem insaciável.
Resta esse eterno morrer na cruz de seus braços
e esse eterno ressuscitar para ser recrucificado.
Resta esse diálogo cotidiano com a morte
esse fascínio pelo momento a vir, quando, emocionada,
ela virá me abrir a porta como uma velha amante
sem saber que é a minha mais nova namorada.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

VIVA CAZUZA!


Quem dera que ele estivesse realmente vivo.
Hoje Cazuza estaria fazendo 50 anos. E com certeza a nossa música estaria mais rica, mais verdadeira, menos comercial. Esse sim é um cara que fala pra quem quiser ouvir, e pra quem não quer, ele grita alto. Não é que nem esses jota quests, e skanks da vida, que fazem música pros outros. Ele não. Ele fazia por que era assim que ele queria que fosse. E foda-se!
É, se fudeu muito também... Foi uma bichona mesmo, e se hoje somos um país que, em parte, não é tão preconceituoso como já foi num passado não muito distante, é tb em parte por causa dele sim. Porque as pessoas aceitaram ele, e ele se fez aceitar. Ele gritou numa época que o Brasil precisava mostrar a sua cara. Ele gritou numa época que o mundo tinha que aprender com o Brasil, e vice-versa. Ele gritou numa época que todos estavam recém libertados para falar.
E o pior, é que tem amigo meu, por exemplo, que acha Cazuza uma merda, mó viadinho escroto, que quem gosta de Cazuza é mó otário...
E como não tenho vergonha de dizer que o cara é muito bom mesmo, como eu sei escutar um som que não basta apenas ouvir para entender, eu fico na minha, quieto, com uma certa pena, não só dessas pessoas, mas do mundo de uma maneira geral, que só perde com isso.
Então é isso, Viva Cazuza! Ou, Continue vivendo!!!!!
Vou ver se passo lá na pizzaria guanabara hoje pra beber chopp, e me sentir cada vez mais carioca!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

monitor, teclado e mouse.

Estou muito ocupado ultimamente... O que ultimamente num era uma coisa tão normal...
Mas por isso tenho hesitado um pouco em dar mais uns, sei lá, 1000 toques nesse teclado.
Impressionante como hoje em dia nada se faz sem o tal computa.
É clique atras de clique nesse ratinho cara.
Quando vc acha que está compenetrado, fazendo o que tem que fazer, pula um treco no lado inferior direito da tela avisando alguma coisa...
Vai lá vc de novo fazer 3, 4 coisas ao mesmo tempo, e ao mesmo tempo que o cérebro eletrônico facilita as nossas vidas, ele embaralha tudo tb...
Você começa com um arquivo, depois bota ele numa pasta, depois bota outra pasta dentro dessa primeira,... quando vc vai ver, não se acha mais nada.
E a coluna?! ai ai! Essa vai pro espaço sideral!
Pelo menos eu uso o computador pra usar a cabeça criando. Se eu fosse um, sei lá, contador, ou advogado, ou até um PM que fica horas pra fazer um simples B.O., eu não aguentaria!
É como se o computador fosse o seu melhor amigo né?! É o cara com quem você fica mais tempo, aquele que sabe tudo da sua vida, aquele que fica exatamente no meio do papo com a galera.
Não vou dizer que é um mal necessário, por que não é só um mal. Mas é foda. Por que com um amigo vc briga, discute, sai na porrada, mas resolve. Mas se vc entrar numa de enfiar a porrada nesse brother que vc está olhando agora, ou você perde tudo e foda-se, ou vá pruma lan-house(é assim que escreve isso?? odeio esse nome!), que pelo menos não tem os seus arquivos.